O grande vetor da prevenção de perdas durante os grandes eventos que estão por ser realizados no Brasil, como a Copa das Confederações e Visita do Papa este ano, Copa do Mundo em 2014 e Olímpiadas em 2016, será não somente o grande numero e consequente acúmulo de visitantes brasileiros e estrangeiros nas cidades sede dos eventos, tanto em ambientes fechados como abertos, mas quais comportamentos podemos esperar que possam se transformar em riscos para os negócios e as pessoas locais. Riscos elevados sempre estarão presentes nos aeroportos, portos, estações rodoviárias e de trens, mas não podemos nos esquecer dos inúmeros hotéis, restaurantes, bares, lojas, shoppings centers, supermercados, padarias, farmácias, bem como, os profissionais que estarão em contato direto com estas massas de pessoas. Não importa se estamos falando de duas, seis, dez ou duzentas pessoas, a partir do momento que estão juntas seus comportamentos mudam e tendem a ser unidas, coordenadas, solidárias e principalmente contagiadas por quaisquer questões ou situações, agindo tanto para o bem, como para o mal, sempre visando a integridade de grupo. Tanto os riscos individuais como os coletivos estarão presentes em se tratando de um grupo de pessoas. Questões básicas de falta de atendimento às necessidades destes públicos podem gerar grandes frustrações e desencadear muitas reações negativas que poderão ser sentidas de forma imediata, ou posteriormente fora das zonas de controle da situação, fazendo com que estes busquem suas compensações psicológicas ou financeiras em outros lugares e de outra forma. Visitantes estrangeiros, principalmente torcidas organizadas, tendem a transferir suas percepções negativas iniciais para todas as demais situações que se envolvam, mesmo as menores e mais comuns, desenvolvendo antipatias e impaciências que tendem só a aumentar durante todo o período da viagem. Ou seja, problemas nos aeroportos poderão ser sentidos nos hotéis; problemas sentidos nos hotéis poderão ser sentidos nos restaurantes; problemas nos estádios poderão ser sentidos nas ruas, etc. É muito mais difícil lidar com grupos de vinte, trinta ou quarenta pessoas entrando em um shopping center ou supermercado do que pode parecer num primeiro momento. Grupos se manifestam e se comunicam o tempo todo fazendo muito barulho e intimidando as pessoas comuns por onde passam, principalmente durante os dias dos jogos, tentando extravasar suas emoções. Nos casos de torcedores que estarão hospedados em uma cidade sede, que tenham a necessidade de se deslocar para outra por causa de um jogo de seu time e que voltarão no mesmo dia, é comum que se sintam mais a vontade para exagerar sabendo que irão embora logo depois, deixando o problema para trás. Deverá ser comum confusões com grupos pelo uso de banheiros, por discordância da conta, ou mesmo, por saírem sem pagar de bares que ainda não exijam pagamento antecipado e entrega do pedido mediante apresentação de recibo do caixa. Mal entendidos pelo idioma ou por costumes também devem ser previstos por todos os prestadores de serviços que possam vir a ter contato com estes grupos de visitantes estrangeiros. Conflitos entre torcidas organizadas estrangeiras com histórico de violência estão dentre os riscos elencados pelas autoridades de segurança pública. Antes de julgarmos estas torcidas estrangeiras temos que nos lembrar de que nós brasileiros, infelizmente também não temos nos comportado bem em muitos episódios recentes, sem falar da violência que estamos presenciando em crescente escalada, que pode gerar reações exageradas até por causa de medo. Assim sendo, conforme já discutimos em outros artigos, fica evidenciada a necessidade de grande demonstração de monitoramento, controle e pronta resposta em todos os ambientes onde exista grande concentração de pessoas e grupos organizados. É sabido que as autoridades estarão utilizando todo seu efetivo de segurança para atender as Arenas diretamente e suas áreas próximas, bem como, organizar e dar apoio no trânsito de veículos e pessoas em grandes trajetos relacionados aos eventos, podendo assim, haver falhas no policiamento ostensivo e na pronta resposta em locais distantes destes cenários esportivos. Cabe aos prestadores de serviços e comerciantes prepararem seus estabelecimentos, instalarem equipamentos de segurança e treinarem seus funcionários para lidarem com situações que possam ser previstas e evitadas. Pessoas que falem inglês e que já tenham viajado ao exterior podem contribuir significativamente na comunicação assertiva e preventiva nos diversos pontos de atendimento e concentração de pessoas estrangeiras. Todos gostam de ser bem atendidos e tratados com educação, se assim nos apresentarmos prontamente e juntarmos um pouco de bom humor, poderemos cativar corações e movermos montanhas antes intransponíveis. Contudo, vale salientar que serenidade, retidão e demonstração de controle não podem faltar em nenhuma situação, com o risco de não sermos levados a sério. Exageros podem ser considerados como atos ofensivos, assim sendo, sempre são bons o equilíbrio e o bom senso estarem presentes em todas as medidas preventivas, bem como, não deixarmos para a última hora o planejamento e a contratação dos serviços de segurança e outros recursos técnicos. Pior do que a falta de segurança é a falsa sensação de segurança.
Aureo Miraglia : Consultor Senior em Segurança.
Fonte: http://aureomiraglia.wordpress.com/