quarta-feira, 4 de março de 2015

O papel do gestor de segurança

 
*David Fernandes da Silva, CPP

A atuação do crime organizado, seqüestros de empresários e executivos, invasões à mão armada, uso de explosivos, arrombamentos, fraudes e furtos
praticados por funcionários, além dos riscos do próprio negócio, fizeram muitas empresas a se preocupar em proteger também seu patrimônio, pois sofreram ou poderiam vir a sofrer algum prejuízo por qualquer ocorrência dessas ameaças. Para se prevenirem, perceberam que necessitavam das recomendações de um especialista em segurança empresarial ou até da contratação de um gestor de segurança, seja ele funcionário ou um consultor externo. Quando tem autonomia e apoio, esse gestor pode reduzir drasticamente os riscos, prejuízos e perdas existentes. Há casos em que o sucesso da gestão de segurança chega em até 90% de redução de riscos e prejuízos. Sendo assim, alguns empresários descobriram que essa eficácia garante seus lucros, evitando perdas, surgindo aí a demanda por esse tipo de profissional.
As principais atribuições de um gestor de segurança são: análise de riscos visando apresentar as principais ameaças à organização, seus impactos no
negócio, a probabilidade de ocorrência, os possíveis valores de perda máxima se o evento ocorrer, medidas preventivas e os valores de investimento. O gestor precisa deixar bem claro quanto será o prejuízo x o valor do investimento para demonstrar à diretoria que vale à pena investir em segurança. Além disso, elaborar a política e os planos de segurança (estratégico, tático e operacional) visando proteger à vida, o patrimônio e restaurar as atividades normais da empresa. Também faz parte de suas responsabilidades elaborar orçamentos de segurança, visando apresentar as melhores soluções (custos x benefícios) do mercado. O gestor é quem deve analisar os fornecedores, seus produtos e serviços e passar para o setor de compras somente fechar a negociação com o fornecedor selecionado. Dependendo do porte e da cultura da empresa, a função do gestor de segurança é, em alguns casos, atribuída a um gerente de TI, RH ou Financeiro. Dessa forma, pelo acúmulo de atividades e falta de conhecimentos especializados, torna-se limitada, ou seja, está simplesmente mais voltada para compra de equipamentos e administrar serviços de segurança.
O ideal é que o gestor de segurança atue, de forma estratégica e com visão holística, em todas as áreas e operações da empresa como apoio (staff) e deve
reportar-se direto ao Vice-Presidente ou assessorar o Presidente. Alguns exemplos: junto com o RH, estabelecendo critérios de contratação e seleção de
novos candidatos, análise e verificação do histórico escolar e dos últimos empregos, participar de determinada entrevista para análise do perfil e comportamento e na conscientização da política de segurança para novos funcionários; na Logística, gerenciamento de riscos no recebimento de mercadorias e no transporte para determinada região; com TI, englobando processos e pessoas, proteção de segredo comercial, classificação das informações e quem deve ter acesso a elas; com Jurídico, visando contratos específicos para redução de riscos internos e externos; com o Presidente e alta direção da empresa, analisando os riscos do caminho de ida e volta da residência para o trabalho e das vulnerabilidades da residência e dos familiares
para elaborar um plano de segurança pessoal; com Engenharia, na construção de uma nova sede, realizando o diagnóstico de segurança da região, vizinhança, localização, lay-out, acessos, materiais de construção e planejar os recursos humanos, tecnológicos e procedimentos necessários para uma segurança adequada.
Além de trabalhar no ramo empresarial, o gestor de segurança pode atuar de forma mais específica em segurança pessoal, segurança em logística, prevenção de perdas no varejo, sendo um funcionário de uma organização ou até um consultor externo.
O mercado dessa área de atuação tem dado preferência para pessoas pró-ativas e dinâmica, pois essa função trabalha-se com a prevenção e não se esperar acontecer. Quem trabalha com segurança tem que estar preparado para diversas situações que podem ocorrer no dia-a-dia, tais como um assalto ou uma emergência.
É importante conquistar alguma certificação em segurança para comprovar seus conhecimentos. Hoje há duas certificações nacionais: CES – Certificado de Especialista em Segurança pela ABSO (Associação Brasileira de Segurança Orgânica), que exige três anos de experiência em segurança empresarial e 2º grau completo, e a ASE – Analista de Segurança Empresarial pela ABSEG (Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança). Nesta última há exigência da formação em curso superior. Se for em qualquer área, exige mais 6 anos de experiência no ramo de segurança ou 4 anos se tiver exercido cargos de chefia ou gerência de segurança; o profissional, que trabalha como
gestor de segurança, precisará de apenas 2 anos na função, se possuir um curso de pós-graduação/MBA em segurança para prestar o exame. Entretanto, há outra certificação que agrega muito conhecimento e que é considerada um dos maiores títulos almejados pelos profissionais de segurança é o CPP – Certified Protection Professional, ou seja, Profissional de Proteção Certificado pela ASIS (American Society For Industry Security). Trata-sede uma certificação internacional existente há 25 anos, com apenas 12.000 no mundo, espalhados em 40 países. Além das certificações acima, é bom fazer cursos específicos na área de segurança, tais como: investigações, fraudes, inteligência competitiva, segurança pessoal, sistemas de segurança eletrônica, técnicas de contraespionagem, prevenção de incêndios, etc. Também deve-se agregar cursos de: inglês (muito exigido hoje), liderança, gestão de projetos, pessoas entre outros.
David Fernandes da Silva, CPP. Professor universitário na UNIP.




Como o gestor de segurançaz pode gerar lucro para a empresa ?

         Os desafios empresariais estão cada vez maiores, pois as exigências do mercado e o desempenho dos concorrentes estão crescendo rapidamente. Para fazer frente a esta realidade, as empresas necessitam superar continuamente os seus patamares de atuação. Esta superação não é conseguida com a rotina do dia a dia, é necessário alcançar níveis superiores. Estes níveis, segundo Falconi, são alcançados com o gerenciamento pelas diretrizes.
O gerenciamento pelas diretrizes busca atingir as metas que não podem ser alcançadas com a rotina do dia a dia e está voltado para solucionar os problemas prioritários da empresa. Nesta busca, percebemos a importância do gerenciamento dos riscos e da gestão das perdas, pois o alcance das metas passa pela melhoria dos processos.
Quando falamos em gerenciar pelas diretrizes estamos falando de gerenciar utilizando o ciclo PDCA. Na fase P (planejar) são estabelecidas as diretrizes (metas + medidas) para todos os níveis gerenciais e os respectivos planos de ação. Na fase D (executar) são executadas as medidas necessárias para se alcançar as metas, tendo como referência os planos de ação. No terceiro momento, fase C, é realizada a verificação dos resultados e do grau de avanço das medidas. Na última fase (A), fazemos uma análise da diferença entre as metas e os resultados alcançados, determinamos as causas deste desvio (gap) e estabelecemos recomendações das medidas corretivas (contramedidas).     
Existem alguns conceitos importantes para o gerenciamento pelas diretrizes, o primeiro é o conceito de meta. A meta é composta de três partes: objetivo gerencial, valor e prazo. Um exemplo simples seria: reduzir os furtos em 10% até o final do ano. O objetivo gerencial é reduzir os furtos. O valor é 10% e o prazo é até o final do ano. Além de deixar claro o conceito de meta, este exemplo mostra como o sistema de segurança pode potencializar o sucesso empresarial, neste caso buscando minimizar uma fonte de perda.
O segundo conceito é o de diretriz. Diretriz é o somatório da meta e as medidas necessárias para alcança-la. Podemos perceber que as medidas são estabelecidas sobre os meios e a meta sobre os fins.
Podem existir dois tipos de medida: desdobrável e não desdobrável. O primeiro tipo será executado no nível operacional ou por outros processos. A medida não desdobrável será executada pelo próprio responsável pela diretriz e é transformada em ação.
          O terceiro conceito importante é o de problema. Segundo Falconi, problema é um resultado indesejável de um processo. É uma meta não alcançada. O não alcance da meta pode ter sido gerado por diversos fatores presentes nos processos da empresa. A busca destes fatores é atividade fim do sistema de segurança e terá como base a gestão de riscos e a gestão de perdas.  
O quarto conceito é o de planejamento. Planejar significa estabelecer um plano, ou seja, um conjunto de medidas para atingir a meta. As fases básicas são: conhecer a meta, analisar o fenômeno, analisar o processo e estabelecer o plano. O plano de ação pode ser apresentado com a técnica 5W 2H (what, who, when, where, why, how e how much). Podemos também usar 5W 1H. Neste caso o H de how much (quanto custa) é trabalhado em separado.
Para que o sistema de segurança contribua para o sucesso empresarial a gestão deste sistema tem que está alinhada com as metas estratégicas da empresa, logo o gestor do sistema de segurança terá que gerir com base em diretrizes.
As diretrizes do gestor da segurança serão desdobramentos das diretrizes estratégicas. O sistema preventivo e contingencial de segurança serão desenvolvidos para dar suporte ao alcance das metas desenvolvidas pela alta administração, ou seja, a gestão do sistema de segurança não é uma coisa a parte, mas sim integrada ao negócio da empresa.
O sistema de segurança, por ser atividade meio, tem que dá suporte à atividade fim da empresa. O gerenciamento dos riscos é essencial neste processo, pois terá como resultado: a compreensão dos riscos e das suas causas geradoras; a identificação da probabilidade e impacto de cada risco e a definição do tratamento de cada risco. Este gerenciamento é a base para a gestão das perdas.
Além do foco de gestão e para poder atuar de forma eficiente e eficaz outro ponto importante para o gestor é a sua formação acadêmica, ou seja, as ações deste profissional têm que ter base científica.
Os desafios do gestor de segurança estão cada vez maiores, mas este profissional não deve ter medo desta realidade, pois o século XXI abriu as portas para que este profissional pudesse mostrar como a área de segurança pode potencializar o sucesso das empresas.
Para que o gestor possa solidificar a sua importância e ter sucesso profissional é essencial que alguns pontos sejam observados, pois deve estar preparado para enfrentar os novos desafios de um mundo em constante mudança. Estes pontos são:

  • Perceber que as mudanças na sua vida profissional são inevitáveis, pois o ambiente de tarefa das empresas está mudando rapidamente. Essa mudança será a cada dia mais rápida. Podemos perceber que a velocidade na tomada de decisão é muito importante.
  • Perceber a importância das informações para a tomada de decisão. 
  • Desenvolver suas competências (conhecimentos, habilidades e comportamentos) continuamente.
  • Administrar muito bem o tempo, pois o tempo é vantagem competitiva. 
As empresas serão cada vez mais testadas pelo mercado. Elas sobreviverão se estiverem focadas no mercado e percebendo oportunidades nas ameaças. Por conseqüência, os gestores do sistema de segurança serão cada vez mais cobrados e pressionados por metas. Os desafios são grandes, mas possíveis de serem alcançados.

Sucesso!!!!!

Nino Ricardo Meireles - consultor e professor universitário   

Segurança Empresarial

Segurança Empresarial

* Antonio Celso Brasiliano

1. CONCEITO

“É um conjunto de medidas, capazes de gerar um estado, no qual os interesses vitais de uma empresa estejam livres de interferências e perturbações”.

2. CONJUNTO DE MEDIDAS

A segurança empresarial não depende apenas do departamento de segurança da empresa, mas envolve todos os seus setores e todo o seu pessoal.
A empresa deve desfrutar de um “estado de segurança”, ou seja, de uma segurança permanente; embora, é claro passe por situações de insegurança temporária, fatos ocasionais e passageiros.

3. INTERESSES VITAIS

Os interesses vitais de uma empresa não estão apenas em não ser roubada ou incendiada. O mercado, os segredos, a estratégia de marketing, pesquisas de novos produtos devem igualmente ser protegidos.

4. INTERFERÊNCIAS E PERTURBAÇÕES

Nada deve impedir o curso normal da empresa. Deve-se prevenir não apenas contra incêndios e assaltos, mas também contra espionagem, seqüestros de empresários, greves, sabotagem, chantagem, etc.

5. GRAU DE SEGURANÇA

Não existe segurança perfeita, total ou absoluta. O que existe é a segurança satisfatória.
A segurança é satisfatória quando:
- É capaz de retardar ao máximo uma possibilidade de agressão;
- É capaz de desencadear forças – no menor espaço de tempo possível – capazes de neutralizar a agressão verificada.

6. IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA EMPRESARIAL

As empresas não beneficiam apenas os seus proprietários, acionistas ou empregados que nelas trabalham diretamente. Empresas sadias e prósperas beneficiam toda uma região e um universo infindável de pessoas, entre outros, com os seguintes benefícios: geração de impostos, comercialização de matérias primas; incremento dos transportes; expansão das redes de telecomunicações e do sistema financeiro; disputa de mão de obra qualificada; crescimento da construção civil; construção de escolas e hospitais; fortalecimento do comércio do comércio e da agricultura.
A obra de Fayol:
Henri Fayol, criador da Teoria Clássica da Administração, em sua obra “Administração Industrial e Geral”, publicada pela primeira vez no ano de 1916, em Paris, enumerou seis funções “essenciais” dentro de uma empresa:
1) Funções Técnicas
2) Funções Comerciais
3) Funções Financeiras
4) Funções de Segurança
5) Funções Contábeis
6) Funções Administrativas
Infelizmente, grandes empresas têm negligenciado o item “Segurança” em seus organogramas.

7. SEGURANÇA EMPRESARIAL NO BRASIL

- Infelizmente ainda prevalece a improvisação;
- Geralmente o chefe de segurança também é o responsável por serviços como transporte, limpeza e manutenção;
- Formação do pessoal de segurança é sempre deficitária, prevalecendo o “quebra-galho”.

8. MELHORANDO O NÍVEL DE SEGURANÇA DAS EMPRESAS

Através de um Plano Integrado de Segurança, com a decisão da alta direção da empresa, específico para a empresa, da seguinte forma:
- Processamento:
a) análise de vulnerabilidades
b) Implantação
- Rígida obediência ao Plano Elaborado e permanente atualização (gerenciamento).

9. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA SEGURANÇA EMPRESARIAL:

a) Segurança é prevenção. Prevenção é treinamento;
b) O investimento em segurança é proporcional ao risco que se corre;
c) As medidas de Segurança não devem impedir ou dificultar a atividade normal da empresa.

10. ITENS A SEREM OBSERVADOS NUM PLANEJAMENTO DE SEGURANÇA EMPRESARIAL

- Administração da Segurança
– Proteção Perimetral
– Serviços de Vigilância
– Controle Interno
– Prevenção e Combate a Incêndios
– Espionagem
– Proteção contra furtos
– Prevenção de Assaltos
– Segurança dos computadores
– Possível Ação Terrorista
– Sistema de identificação
– Greves e Paralisações
– Iluminação
– Abastecimento de energia elétrica
– Combustíveis e materiais perigosos
- Segurança Pessoal
– Segurança familiar e Residencial
– Eventos Especiais
– Pontos e questões críticas.

 *Antonio Celso Ribeiro Brasileiro é Diretor Executivo da Brasiliano & Associados
Fonte: http://www.brasiliano.com.br/