quarta-feira, 24 de julho de 2013

Planejamento na segurança do Papa

                     "CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRIMEIRA MISSÃO DA SEGURANÇA DO PAPA"

*Vinícius  Domingues Cavalcante



Invariavelmente, uma operação de segurança como a de garantir um dignitário como o Papa, enquanto em sua permanência no Brasil (sobretudo numa conjuntura agravada pelos protestos de ordem político-social que vem ocorrendo no Rio de Janeiro) vai demandar um monte de reuniões de preparação e planejamento que vai envolver as Forças Armadas, Polícia Federal, Polícias Militar e Civil Estadual, Guarda Municipal, Bombeiros, Secretaria Municipal de Trânsito, Polícia Rodoviária e vai por aí...

 Nada é feito nas coxas e os profissionais envolvidos tem missões partilhadas de grande responsabilidade! No caso particular dessa visita do Papa, não há nada que não possamos fazer, missões das quais não consigamos nos desincumbir ou algo que fuja ou transcenda a capacidade de todo o nosso pessoal que, algum dia, já atuou em segurança de dignitários. É só "jogar o feijão com arroz", sem inventar, pois até os arroubos de banho de público do dignitário em questão já estão mais ou menos previstos. Normalmente isso ocorre em locais onde há paradas longas nos deslocamentos ou em locais onde haja muita concentração de público, por onde a autoridade vai se deslocar à pé. Nessas situações é de bom alvitre dispor de muita segurança velada, à paisana, espalhada no meio da multidão.

Eu imagino que se haja planejado muito a missão de segurança do curso da tarde dessa segunda-feira 22/07/13, mas a execução mostrou que certamente não houve coordenação entre as diversas instituições envolvidas. Como pode não termos visto efetivos do grupamento de trânsito da Guarda Municipal ao longo da via? Cadê os batedores que manteriam o corredor de deslocamento dos carros aberto? Eu só vi um círculo de motos da Polícia Rodoviária Federal, as quais não foram capazes sequer de escudar o carro da autoridade...

 Em segurança de dignitários os erros não são menos comuns do que em qualquer outra ação operacional de segurança, apenas, como nessa esfera de atividade os erros costumem ser muito mais caros, nós, os agentes de segurança dentre os quais eu me incluo, procuramos nos antecipar naquilo que pode dar errado. Nessas horas não há espaço pra estrelismos e tem de haver uma cooperação entre todos os grupamentos envolvidos. Todo mundo é importante com o seu conhecimento no âmbito de uma esfera específica...

 Acredito que o problema não foi apenas da execução local, para mim a segurança do comboio foi comprometida por erro nos outros círculos de segurança que deveriam ter sido pensados, dispostos ou melhor coordenados!

 Será que os batedores da Polícia Rodoviária Federal eram em número adequado? Eu canso de ver situações em que, num mesmo evento, conta com efetivos de batedores da PE, do BG, da PA da SP...

 Esses policiais rodoviários conhecem o Rio e estavam familiarizados com o itinerário?

Quantos estavam sendo usados contendo o trânsito à frente do comboio para proporcionar um corredor aberto por onde o corpo principal pudesse se deslocar?

Havia pessoal da coordenação dessa equipe móvel no centro de monitoramento da prefeitura?

 Havia uma coordenação local em helicóptero?

 Curiosamente eu não vi policiamento ostensivo da PM. Vi até policiais da Força Nacional (?) próximos do carro do Papa quando o bicho estava pegando, mas sinceramente, eu preferia que nossos anônimos e "menos preparados" efetivos de controle de trânsito tivessem sido capazes de manter um corredor aberto por onde o comboio pudesse se deslocar com mais celeridade...

 Tomara que esse problema, que Graças a Deus acabou sem maiores problemas haja sido realmente uma falha isolada, pois há muito mais trabalho nos próximos dias...

 E como, em geral, o trabalho de uma segurança pessoal só aparece quando erros são cometidos, eu preferiria que terminássemos essa Jornada da Mundial da Juventude sem que houvesse do que falar dos seguranças no Brasil. 
Vinícius  Domingues Cavalcante, CPP consultor de segurança, Diretor da ABSEG no Rio de Janeiro e membro do Conselho de Segurança da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Guerra irregular: O Brasil a beira do caos.!


 

   Os últimos acontecimentos despertam no país alguns assuntos que até pouco tempo atrás não havia muita preocupação. Manifestações bem orquestradas, inicialmente com lideranças bem articuladas e uma causa justa. Não vou entrar no mérito dos motivos e reivindicações, algo que tem chamado a atenção são os grupos organizados e aproveitam as manifestações para saquear lojas e confrontar a policia.   Em uma rápida pesquisa principalmente em SP, sem nos aprofundar em outros estados vejam o balanço:

 Ônibus apedrejados; próprios públicos pichados; Tentativa de invasão prefeitura de SP; tentativa de invasão no Palácio do Governo; Tentativa de invasão em Brasília; Lojas saqueadas;  policiais feridos;  Caos implantado nos horários de picos; transtorno a população não envolvida; Carros da imprensa queimado; Base da PM queimada;Guaritas da PM arrancadas do lugar; Incêndio a ônibus; Bandeira do país queimada;  Pessoas ligadas ao comunismo e anarquistas articulando algumas ações.

     Os protestos motivados pelo preço da passagem de ônibus espalhou-se rapidamente  pelas principais metrópoles brasileiras e atingiu uma repercussão jamais vista, o movimento já entrou para a história ultrapassando o número de pessoa das “diretas já” pedir o afastamento do cargo do presidente Fernando Collor de Melo.

    Os fatores causadores das manifestações além do aumento das passagens estavam as causas sociais, políticas, religiosas e omissão e falência das autoridades e políticos.
    O movimento do passe livre só foi o percussor, agora está surgindo inumeras manifestações, protestos, confrontos com a policia. Em todo país todos os dias é registrado algum tipo de protesto.

     Dentro do contexto, falando em soberania nacional, vejo que o maior inimigo do Brasil é interno, estamos em um guerra particular, a realidade somada a outros acontecimentos mostra que o país vive uma Guerra irregular, 50 mil homicídios por ano,  biopirataria, corrupção, facções criminosas que desafiam o governo, políticos que desafiam o supremo tribunal federal, ONGs na floresta Amazônia levando nossas riquezas, entre outros assuntos.  Segundo o Alessandro Visacro que é oficial das Forças Especiais do Exército Brasileiro “ ao longo do tempo, as guerras sofreram transformações e já não são mais as mesmas. Em vez da confrontação militar formal, o mundo vem assistindo a uma série de guerras irregulares, como terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência e conflitos assimétricos em geral. Concluiu o oficial.

        Estamos falando da segurança nacional, se não for  identificado corretamente as ameaças, os rumos que caminham os protestos poderá  causar transtornos e problemas irreversíveis.

  * Siderley Andrade de Lima, GCM de Jandira, exerceu a função de Supervisor responsável pela coordenação de cursos e treinamentos, ex-subcomandante. É consultor de segurança patrimonial, graduado do curso de Gestão em segurança privada pela Universidade Paulista, Diplomado em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, idealizador do blog sobre segurança http://gestorsegurancaempresarial.blogspot.com/; Colunista do site de segurança www.dicaseg.com; Membro da ABSEG- Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, autor dos livros Manual Básico do Instrutor de Armamento e Tiro e Sobrevivência Policial no Confronto Armado.
siderleyandrade@yahoo.com.br


 

Siderley Lima, consultor de segurança.